Será que um assintomático pode infetar dezenas de pessoas num autocarro? Depois de um acontecimento real, a investigação realizada refere que sim.
Além de poderoso, o novo coronavírus é complexo. Há pessoas que têm sintomas, e nesse caso é mais fácil a identificação, mas há também pessoas sem sintomas (assintomáticos) que são igualmente um foco de contaminação.
Assintomático pode infetar várias pessoas…
Um grupo de especialistas chineses publicou na revista médica norte-americana Jama Internal Medicin uma investigação muito interessante sobre o impacto de um assintomático. O objetivo é perceber se o coronavírus se transmite pelo ar e como se comporta em espaços mal ventilados.
De relembrar que, em janeiro deste ano, um passageiro infetado e assintomático contagiou um terço do autocarro mal ventilado onde viajava, durante um trajeto inferior a uma hora. Uma pessoa sexagenária, sem sintomas, foi muito provavelmente o caso inicial, tendo tido contactos anteriores com pessoas de Wuhan, onde a epidemia começou. Viajou sentada do lado direito, a meio do veículo 2, entre dois passageiros. Face a tal cenário, concluiu-se que o coronavírus é transmissível pelo ar… mas faltava mais investigações/estudos.
A tese da transmissão do vírus pelo ar que cada um expira e inspira, ao invés das grandes gotículas expelidas por espirros e tosse, foi inicialmente negligenciada pelas autoridades sanitárias no mundo, antes de uma reviravolta este verão face à pressão de muitos especialistas em vírus respiratórios e de um acumulado de estudos sobre a presença de partículas virais em microgotículas aerotransportadas exaladas pela mera fala, revela a Lusa.
Relativamente ao caso que aconteceu em janeiro, 23 passageiros desse veículo ficaram contaminados, entre 68 pessoas. Nenhuma infeção foi registada no veículo 1, que é idêntico ao 2. De acordo com a avaliação, o sistema de climatização do veículo fez recircular o ar dentro do veículo e não o renovou, o que, provavelmente, contribuiu para propagar o vírus, concluíram os autores da investigação. Como conclusão da investigação, os responsáveis referiram que…
Este inquérito sugere que, em ambientes fechados onde o ar recircula, a SARS-CoV-2 é uma doença altamente transmissível
O estudo, minucioso e que inclui um plano do veículo com a posição de cada pessoa contaminada, junta-se a outros no mesmo sentido, nomeadamente o caso de múltiplas contaminações entre mesas de um restaurante em Cantão, provavelmente potenciadas por um sistema de ventilação que não renova o ar no interior.
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