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    segunda-feira, 14 de setembro de 2020

    Disforia pós-sexo: sentir tristeza depois da relação sexual

    Você já sofreu de disforia pós-sexo alguma vez na vida? Talvez a solução esteja em um conhecido antidepressivo.
    Aqueles que sofrem de disforia pós-sexo sentem uma enorme tristeza depois da relação sexual. Esse estado pode durar desde alguns minutos até várias horas. Poderíamos dizer que é algo semelhante a sofrer uma “depressão” depois do sexo.
    Ana relata que faz amor com o marido cerca de três vezes por semana. Em pelo menos duas dessas ocasiões, ela se sente triste ao final do ato sexual. Ela comenta que é estranho, não tem uma explicação para esse estado de profunda tristeza. Simplesmente acontece.
    Não é que Ana não goste de fazer sexo com o marido. Ela se sente atraída por ele e aproveita o momento, mas então uma dor terrível a invade, algo como um “vazio”. Essa sensação dura uma hora ou duas e depois vai desaparecendo.

    Características da disforia pós-sexo

    O que acontece com Ana tem um nome. Especialistas estrangeiros o chamam de blues pós-sexo ou tristesse pós-sexo. Trata-se de uma disforia depois do sexo que não deve ser confundida com depressão. Não há necessidade de sofrer de depressão para sentir esse desconforto.
    Alguns especialistas em sexualidade humana apontam que a razão dessa tristeza é que a relação sexual satisfaz apenas a parte biológica, e não a parte emocional. No entanto, a resposta para essa pergunta ainda não está clara. Pode ser que simplesmente se trate da reação de algumas pessoas ao acúmulo de excessos bioquímicos que ocorrem após o orgasmo.

    Disforia pós-sexo ou sentir tristeza depois do sexo

    O Dr. Richard A. Friedman, professor de psiquiatria clínica e diretor de uma clínica psicofarmacológica, estudou recentemente este tema. Ele diz que nos últimos anos teve vários pacientes com essa síndrome.
    O primeiro paciente que recebeu por esse motivo foi uma pessoa de 25 anos. Essa pessoa, depois de fazer sexo, passava um dia inteiro com sentimentos de profunda tristeza. Sua saúde era excelente (tanto mental quanto física) e não tinha grandes problemas em outras áreas de sua vida.
    Segundo o médico, “eu poderia ter elaborado uma explicação muito simples. Poderia ter argumentado que essa pessoa tinha ocultado conflitos sobre sexo. Ou que havia sentimentos ambivalentes sobre o seu parceiro. No entanto, não encontrei uma explicação. Embora sua angústia fosse muito real, eu lhe disse que não tinha um grande problema que exigisse tratamento”.

    Qual pode ser a causa da disforia pós-sexo?

    Vários estudos mostraram que durante o orgasmo há uma diminuição acentuada da atividade na amígdala. A amígdala é uma região do cérebro que participa do processamento de estímulos como o medo.
    Recentemente Helen Fisher, da Universidade Rutgers, usou imagens de ressonância magnética para examinar o circuito neuronal que é ativado em pessoas apaixonadas. Seus resultados concluíram que há uma ativação do cérebro no circuito de neurônios dopaminérgicos quando se mostra a foto de seu parceiro para uma pessoa.
    Então, além de causar prazer, o sexo diminuiria o medo e a ansiedade. A questão que nos fazemos é a seguinte: seria esse ponto de atividade a causa da disforia? Alcançar um ponto tão alto levaria a uma descida íngreme em direção à tristeza?
    Para outros pesquisadores, a disforia pós-sexo tem a ver com a avaliação que fazemos depois do sexo. Em alguns casos, seria um sentimento de vazio. Embora algumas pessoas desejem encontros sexuais, depois sofrem porque não encontram significado nos mesmos.
    Essa ausência de significado pode ser devido ao fato de que o sexo foi como uma obrigação ou para satisfazer apenas parte de alguma falta afetiva. Segundo o psicólogo Raúl Carvajal, “há uma compensação biológica, mas a satisfação emocional é mais limitada. Creio que tem a ver com o contexto em que vivemos, de fazer tudo rapidamente, para cumprir”.

    Casal sofrendo com disforia pós-sexo

    A disforia pós-sexo poderia ser curada com medicamentos

    O Dr. Friedman optou por não forçar uma resposta à questão da seção anterior. Talvez seja apenas a reação a esse auge na atividade da amígdala. Então, a solução do médico foi prescrever uma dose mínima de Prozac, um antidepressivo conhecido.
    Seus pacientes relataram que desfrutavam um pouco menos do sexo, porque esse antidepressivo diminui a libido, mas não sentiam mais tristeza depois da relação. No fim, os problemas sexuais nem sempre escondem problemas psicológicos sombrios.
    Pensemos que o órgão sexual mais importante dos seres humanos é o cérebro. O sexo pode ser o mais físico dos atos, mas a tristeza não deixa de ter uma base fisiológica. Em qualquer caso, com uma ou outra intervenção, derivada de uma ou outra causa, o que fica claro é que o fenômeno existe e que ainda temos muitas perguntas em relação a ele.

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