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    quinta-feira, 24 de setembro de 2020

    PROFESSORA DO CURSO “FAÇA SEXO ANAL SORRINDO” DIZ QUE QUEM APRENDE NÃO PARA MAIS

     


    Segundo educadora sexual Neusa Pandolfo, “sexo anal não é comida de peão, é sofisticado”. Ela dá as dicas para aproveitar melhor o momento

    “Como fazer sexo anal sorrindo?”. Na semana passada, por duas horas, um grupo se reuniu no aplicativo Zoom para desvendar esse mistério num curso com esse nome. Entre risos e discussões mais sérias, a educadora sexual Neusa Pandolfo interagiu com o grupo de 26 pessoas – a maioria permaneceu com as câmeras fechadas – sobre como ter mais prazer no sexo anal e como deixar o ato ainda mais gostoso.

    Com mediação do perfil “Meu Clitóris Minhas Regras”, eu fui uma das participantes da aula e a regra número 1 que aprendemos foi: “ Sexo anal não é comida de peão, é sofisticado”. Segundo Neusa, para praticar o sexo anal é preciso ter responsabilidade, paciência e confiança. Ela diz também que o ato só fica muito bom com prática, mas claro, não pode ser feito de qualquer jeito!

    Se você tem medo porque já te contaram que dói, aprenda as maneiras corretas que foram tema do curso e nunca mais vai querer parar.

    Regras para fazer sexo anal sorrindo

     Sexo é saúde, aprenda a fazer o sexo anal sem dor – shutterstock

    1. Itens básicos

    Entre as regrinhas básicas para iniciar no sexo anal está o uso obrigatório de preservativo e a lavagem da região do ânus, mais conhecida como chuca/enema. Essa prática é recomendável para quem não quer ter uma ‘surpresinha’ no momento do sexo, segundo Neusa.

    • Quem comanda

    É indispensável estar relaxado ao máximo no momento da penetração, que também precisa ser feita com cuidado. “Quem controla é o passivo, nunca o ativo”, ressalta a educadora.

    • Momento da ereção

    Também vale lembrar que o pênis não pode estar 100% ereto. De acordo com Neusa, ele precisa ficar ereto lá dentro, por isso, a melhor posição para iniciar o sexo anal é “de ladinho” e, depois que estiver mais confortável, dá para variar.

    • E a dor?

    Para quem não quer dor no dia seguinte, o melhor é usar um dessensibilizante e lubrificante a base de água – aquelas à base de óleos podem danificar a camisinha. Algumas pessoas têm o hábito de usar xilocaína, mas Neusa não indica tal produto. O medicamento deixa a região anestesiada e a pessoa pode se machucar e não sentir no momento, deixando assim tudo dolorido no dia seguinte.

    • Você é o foco

    Isso nem precisaria ser dito em um curso, mas não custa ressaltar. É fundamental que, antes de qualquer relação sexual , tenha interesse mútuo, consensual. Além disso, não deixe de falar o que pensa e também prestar em se satisfazer, não apenar agradar o outro.

    “Jamais façam para o outro. O sexo é egoísta. Cada um tem que cuidar do seu prazer. Ele pode ser compartilhado ou não. Você tem que saber o que você gosta e falar para o parceiro(a)”, indica Neusa.

    Quem é Neusa Pandolfo?

    Neusa Pandolfo é educadora sexual há 8 anos e vive o mercado erótico há 12 – Arquivo pessoal

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    A autora do curso “Sexo anal sorrindo” é gaúcha de 60 anos está envolvida com o mercado erótico brasileiro há 12 anos. Publicitária de formação, Neusa sempre foi muito aberta às questões sexuais e participava de feiras eróticas com o marido em outros países.

    Por influência das amigas começou a vender brinquedos sexuais e quis mudar o mercado dos sex-shop brasileiro. “Em 2008 comecei a conversar com lojistas para mudar a mentalidade deles. Era tudo muito pornográfico. Percebia que o mercado era raso então procurei cursos para me aperfeiçoar”, explica ela em entrevista exclusiva ao Delas .

    Aos 52 anos fez pós-graduação em sexualidade humana e se formou como educadora sexual. “Tem muito preconceito, mas eu não ligo. Não vale a pena. Para mim o que importa é o que você faz pela sociedade, não a sua orientação sexual. As pessoas ficam muito preocupadas se o outro é homossexual, poliamor etc. O que interessa a elas? É da intimidade de cada um. Sexo é que nem fazer coco, cada um faz o seu”, diz aos risos.

    Por não ter ‘papas na língua’, Neusa já foi censurada na internet pelos assuntos que aborda em seu Instagram, @neusapandolfo. Ela vê o Brasil muito atrás de outros países quanto às questões de  sexualidade . “Acredito que estávamos avançando, mas atualmente não estamos avançando mais. Por uma série de questões, não só política como sociais e culturais. O que é muito ruim”, desabafa.

    Para Neusa, as mulheres só não são mais desenvoltas com sua sexualidade pelo ambiente em que foram criadas. “Eles sempre chamaram nosso órgão genital de formas ‘peçonhentas’, como perereca, aranha, barata etc. Por que isso? Para a gente não pôr a mão, ninguém gosta de colocar a mão em bicho. Dos homens chamam de pintinho – ‘Olha que coisa mais bonitinha’ –  Por que será?”.

    “Nossa vulva é linda. Ela nos dá prazer. Muitas mulheres foram queimadas na fogueira porque tinham prazer. Se você se tocar e conhecer o seu corpo, não estará prejudicando ninguém. Se você não conhece o seu corpo, como é que aquele outro ser vai conhecer?”, questiona.

    A educação sexual nas escolas

    Para romper mais barreiras, além de cursos online e palestras, Neusa atua como educadora sexual em escolas, com alunos a partir de 10 anos e aborda com eles que é a sexualidade e suas questões. Ela acredita que só é possível um debate saudável com toda família envolvida.

    “A maior porta de entrada é a escola, mas também precisamos falar com a família. A gente poder trabalhar com os pais, explicar para eles porque devem conversar sobre sexualidade com os filhos. Trabalhar principalmente o respeito ao outro e a diversidade. Não só na parte fisiológica”, alerta.

    Para ela, o maior trunfo da educação sexual para crianças é o esclarecimento do abuso sexual. “Mostrar não só para crianças, mas para adolescentes, o que é abuso e o que não é adequado pela nossa sociedade”, enfatiza.

    “Quanto mais natural você deixa essa questão, maior a qualidade de vida a criança vai ter, maior responsabilidade ela vai ter com relação ao seu corpo. E isso não tem nada a ver com crença ou religião. Sexo é saúde e sexualidade é qualidade de vida”, pondera.

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