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    domingo, 9 de agosto de 2020

    A VIDA ALÉM DA VIDA: UMA TEORIA SOBRE A IMORTALIDADE


    Desde a gênese da humanidade, há lendas que compõem uma crença indubitável na vida além da morte. O medo do purgatório e a teoria de um paraíso deixa claro que o homem tem certa necessidade de ser imortal. Todavia, existem diversos relatos ao redor do globo sobre as famosas EQMs que até hoje geram debates e servem de inspiração para séries de tv e filmes.

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    É fato que a maior parte das religiões criadas pelos seres humanos pregam sobre a vida após a morte. De forma geral, os cristãos, islâmicos e judeus creem na ressurreição, ou seja, o retorno do espírito ao mesmo corpo físico, já os espíritas acreditam na reencarnação, um retorno da alma em diversos corpos novos até atingir o estágio final da evolução.
    A repercussão de uma vida além da morte também foi discutida por grandes filósofos da Grécia Antiga, como Platão e Plotino, especialmente Pitágoras que acreditava na transmigração da alma para outro corpo após o falecimento.
    Atualmente, a ''comprovação'' mais próxima de que haja realmente vida além da morte está nos relatos de indivíduos que sofreram uma experiência de quase morte. EQM refere-se às alucinações vivenciadas em situações de morte iminente, são normalmente relatadas depois que o paciente é dado como morto, ou seja, os órgãos, inclusive o cérebro e o coração param de funcionar. Alguns médicos e cientistas pensam que tais experiências sejam evidências de um dualismo mente-cérebro (uma independência do pensamento em relação ao cérebro) e de vida após a morte, pois clinicamente quando há o falecimento do cérebro significa que o indivíduo está morto, portanto impossibilitaria a criação de alucinações.
    A maior parte das pessoas que descrevem EQMs falam sobre flutuar sobre o próprio corpo ou serem guiadas ao encontro de uma luz brilhante. Willoughby Britton, que trabalha com pacientes terminais, segundo a revista Superinteressante, diz que pessoas de crenças diferentes podem ver as respectivas divindades, a presença é descrita usualmente como um ser iluminado amoroso e acolhedor. Com isso, é possível concluir que existe um padrão sobre as experiências de quase morte.
    Britton conduziu um estudo que sugere que o cérebro pode apresentar diferenças em sua fisiologia depois da experiência de um indivíduo. Uma psicóloga americana admitiu que parte das pessoas que vivenciaram EQM têm um funcionamento anormal do lobo temporal durante o sono comparado aos indivíduos que não passaram por morte clínica, contudo, não é possível dizer se essa anormalidade é causa ou consequência da experiência. Além disso, Pim Van Lommel, um pesquisador holandês, percebeu em sua pesquisa que o índice de mortalidade das pessoas com EQMs foi superior ao de quem não guardava tais memórias, sugerindo que durante EQMs pode haver uma alteração no funcionamento das células neuronais. Nesse caso, o cérebro ainda estaria dando sinais vitais, porém tão sutis que o eletroencefalograma não seria capaz de detectar, um esforço para viver pela última vez.
    Tais depoimentos e pesquisas acendem a chama da curiosidade pelo mistério da morte. A exemplo da série da Netflix ''The OA'' e do mais novo filme ''The Discovery'', pode-se perceber uma tentativa de abordar o tema por meio de EQMs, ambas as produções narram o enredo sob o teto das experiências de quase morte. Em ''The OA" a morte se trata de uma escolha, a personagem principal sofre uma EQM e diz ter uma escolha: ficar no mundo espiritual ou voltar à vida. Já em ''The Discovery' o assunto vai bem mais além, a EQM vivenciada é um indicativo de uma segunda chance, exemplificando, quando o indivíduo morre ele reencarna em um universo pararelo diversas vezes até ser capaz de consertar o erro que cometeu antes.
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    Por outro lado, durante a vida propriamente dita, a medicina e a ciência anseiam por descobertas que auxiliem na cura de todas as feridas físicas e psicológicas. O dilema hoje é tornar o homem moderno mais adaptável às mudanças causadas por ele e pelo próprio ambiente a fim de atingir uma longevidade maior, isso tem sido alcançado aos poucos durante os séculos que se passaram e o avanço da medicina. A verdade é que o ser humano deseja ser imortal de qualquer forma, seja na vida ou na pós-vida.
    A sede pela eternidade é algo natural para qualquer organismo com vida, uma das maiores necessidades é a reprodução dos genes e que é justamente a eternização da espécie ou indivíduo. Em suma, biologicamente já atingimos a imortalidade e agora o que nos sobra é a ideia de eternizar não só alguns pares de genes, mas o ''espírito'', pois segundo a passagem bíblica de Gênesis 2:7 “Então formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”, nós somos carne e espírito, somos alma vivente.
    Desse modo, com esse pensamento, vem o medo do inferno e o anseio pelo céu. Ambas as formas trazem a imortalidade, seja pelo sofrimento eterno no purgatório ou sensações inexplicavelmente boas no paraíso. É impossível nos dias de hoje afirmar que há uma verdade ou mentira sobre essas teorias e muito provavelmente apenas desvendaremos esse mistério no fim do ciclo da vida. Ou será no começo?

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