Embora com manifestações semelhantes, há pequenas diferenças nos sintomas que nos podem orientar. Um artigo da médica Joana Bruno Soares, imunoalergologista no Hospital Lusíadas Lisboa.
O outono traz-nos (habitualmente) dias mais frescos e húmidos e, com eles, as típicas constipações de que toda a gente sofre de vez em quando. Esta época pode também ser particularmente problemática para os alérgicos, uma vez que é nesta altura que aumenta a multiplicação dos ácaros, presentes no pó que todos temos nas nossas casas, e que são a causa mais frequente das alergias respiratórias.
A distinção entre uma rinite de causa alérgica ou infecciosa (habitualmente viral - a vulgar constipação) pode ser difícil, dado que se manifestam essencialmente pelos mesmos sintomas: espirros, pingo e/ou nariz tapado, comichão, etc.
Os vírus que causam este tipo de infeções são de vários tipos, alguns pertencendo ao grupo dos coronavírus e que já circulam entre nós há muito tempo.
O SARS-CoV-2, novo membro da família dos coronavírus e do qual o mundo inteiro já ouviu falar, pode causar quadros mais graves (afetando os pulmões e/ou outros órgãos e podendo ser fatal) mas, felizmente, na maioria dos casos a doença que provoca é ligeira e não carece de tratamento específico.
A notícia menos boa é que este vírus veio juntar-se aos outros que todos os invernos causam este tipo de situações. Tal não seria problemático, não fossem os dias conturbados que vivemos, marcados por incertezas que não nos deixam “ignorar” uma constipação como sempre fizemos.
Como as distinguimos então?
Embora com manifestações semelhantes, há pequenas diferenças nos sintomas que nos podem orientar.
A febre é um sintoma típico de infeção que, embora possa não estar sempre presente nestes casos, nunca ocorre numa crise de rinite alérgica pura.
As pessoas com rinite alérgica já diagnosticada costumam conhecer as suas queixas e conseguem distingui-las mais facilmente de uma constipação, sendo habitualmente orientadas para iniciar medicação específica logo que surgem os primeiros sintomas ou mesmo antes disso, de forma preventiva.
Numa rinite de causa viral, a medicação anti-alérgica pode aliviar parcialmente os sintomas (até porque é comum os sintomas alérgicos agravarem durante uma infeção, nas pessoas que sofrem destas patologias), mas habitualmente não os elimina na totalidade, dando mais uma ajuda ao diagnóstico.
Perante um quadro de sintomas respiratórios associados a febre e dores no corpo (entre outros), devemos suspeitar de uma infecção viral (ou bacteriana), sendo atualmente as hipóteses mais prováveis a de COVID-19 (doença provocada pelo SARS-CoV-2) e de gripe sazonal (mais nos meses de novembro a fevereiro), sobretudo se for conhecido um contacto prévio com pessoa infetada. Nestes casos, a única forma de identificar a causa com certeza é realizando o teste adequado. A confirmação ou exclusão de COVID-19 é importante, sobretudo nas pessoas de risco ou que convivam com pessoas de risco.
Não nos devemos esquecer que continuam a existir as restantes infeções (nem tudo é COVID-19), que continuarão provavelmente a ser particularmente frequentes entre crianças mais jovens, uma vez que estas não são obrigadas a usar máscara (que acaba por diminuir a propagação da maioria das infeções respiratórias).
Em última análise, a observação médica e a realização de exames adequados são essenciais para um correto diagnóstico e orientação. As pessoas com rinite alérgica (e não esquecer também a asma alérgica), devem estar atentas aos sintomas, cumprir a medicação como lhes foi prescrita e, caso não consigam controlá-los, devem recorrer ao seu imunoalergologista para ajuste do tratamento.
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