A camisinha, embora seja o método de prevenção mais conhecido do mundo, está em baixa, principalmente entre as mulheres. De acordo com a Pesquisa Mosaico 2.0, levantamento mais recente sobre o comportamento sexual do brasileiro, as lésbicas são as que menos se protegem nas relações sexuais.
A pesquisa, coordenada pela psiquiatra especialista em sexologia Carmita Abdo, da Universidade de São Paulo (USP), ainda revelou que os homens bissexuais e homossexuais são os que mais se protegem nas relações e também os que mais possuem parceiros.
O levantamento, que em 2016 ouviu 3 mil participantes com idade entre 18 e 70 anos, traça um perfil contemporâneo do comportamento afetivo-sexual do brasileiro e faz parte das comemorações dos 18 anos do Viagra, que chegou ao mercado em 1998.
Foram avaliados indivíduos de sete regiões metropolitanas do país: São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador, Belém, Porto Alegre e Distrito Federal.
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DSTs em relacionamentos homossexuais
O comportamento feminino de despreocupação com as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) decorre, principalmente, do fato de as pessoas ainda relacionarem transmissão de doenças apenas ao ato sexual com penetração.
“As mulheres não acham que podem se contaminar por não haver uma penetração direta nas relações sexuais”, comenta a ginecologista e obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein Rosa Neme.
Nesse quesito, as instituições de saúde também possuem sua parcela de culpa. De forma geral, o país adotou uma prática de não se falar sobre assuntos tidos como polêmicos para não incentivarem suas práticas.
Irresponsável, a técnica já se mostrou ineficiente em conter comportamentos considerados "vulgares" e só contribuiu para a disseminação de desinformação.
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Isso é observado pela campanhas que focam em sexualidade e práticas sexuais. Quando se fala sobre sexo, o que tem se tornado cada vez mais raro, se refere apenas a casais heterossexuais e, quando muito, aos homens gays.
Neme explica que, além das doenças conhecidas nas relações sexuais heterossexuais, as mulheres homossexuais também estão expostas a outras patologias.
"Podem acontecer as vulvovaginites por contaminação local e doenças como HIV e hepatite B e C. Caso haja sangramento ativo em uma parceira, é uma porta de entrada para o agente infeccioso na outra. No entanto, é mais frequente em parceiros do sexo masculino ou heterossexuais."
Como usar: preservativo feminino
Mesmo que a relação não envolva penetração com o pênis, é importante o uso do preservativo porque, no caso de uso de vibrador, o objeto pode transferir bactérias e vírus de uma vagina para a outra. Por isso, os especialistas não indicam o compartilhamento do objeto, ou então o uso com preservativos diferentes para cada uma.
A camisinha feminina é feita de poliuretano, um material mais fino do que o látex da camisinha que envolve o pênis, e é mais lubrificada do que a versão masculina. Ela se assemelha a uma "bolsa" de 15 centímetros de comprimento e oito de diâmetro e possui dois anéis flexíveis.
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Um é móvel e fica na extremidade fechada, servindo de guia para a colocação da camisinha no fundo da vagina. O segundo, na outra ponta, é aberto e cobre a vulva (parte externa da vagina), protegendo o sexo oral.
Conforme explica o site do Ministério da Saúde, o anel móvel deve ser apertado e introduzido na vagina. Com o dedo indicador ele deve ser empurrado o mais profundamente possível para alcançar o colo do útero; a argola fixa (externa) deve ficar aproximadamente 3 cm para fora da vagina.
Uma vez terminada a relação sexual, a camisinha deve ser retirada apertando o anel externo. Depois, basta puxar o preservativo para fora delicadamente. E a cada nova relação deve-se usar um novo preservativo.
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