A velocidade da ligação importa?A resposta direta é sim, mas nem sempre uma velocidade mais rápida é a melhor solução para cada caso: De facto, as ligações mais rápidas podem nem sempre valer o dinheiro extra.
odos sonhamos com uma ligação de Internet sem tempos de inatividade nem lentidões associadas, e normalmente associamos esse ideal a velocidades de acesso mais rápidas. Mas não será isto apenas o marketing a tentar convencer-nos de algo que afinal não é bem assim? Afinal de contas, qual será a velocidade de que realmente precisamos? A resposta não é fácil e depende de algumas variáveis. Acompanhe-nos nesta viagem pelos meandros da largura de banda.
Comecemos pelo “b-a-bit” para explicar como é feita a medição. As velocidades de ligação à Internet são normalmente contabilizadas em megabits por segundo, ou Mbps. Sendo necessários oito megabits para formar um megabyte, isto significa que numa ligação de 1000 Mbps (1 Gbps) demorará em teoria oito segundos para descarregar um ficheiro de 1 GB.
Isto coloca desde já uma questão: De pouco serve a velocidade quando há limite de dados, o que se aplica no acesso às redes de dados móveis por parte dos operadores. Este teto de dados estabelecido mensalmente é uma forma de os operadores dividirem o serviço prestado em camadas, cobrando mais por opções premium – e mantendo assim controlado os níveis de tráfego na rede, e otimizando por conseguinte a qualidade de serviço.
E o que usa a maior parte da largura de banda? Normalmente, e para o utilizador comum, a resposta é: O streaming de vídeo. Por exemplo, o Netflix usa cerca de 5 Mbps para streams a 1080p e 25 Mbps para conteúdo em ultra-alta definição, ou 4K. O YouTube costuma ser um pouco mais exigente, já que muitos vídeos são filmados a 60fps e assim requerendo o dobro da largura de banda, usando cerca de 7 Mbps a 1080p/60fps.
Significa isto que, se tiver uma ligação de 100 Mbps, poderá ver a 20 transmissões simultâneas a 5 Mbps do Netflix? Na verdade, não. E o mesmo se aplica ao exemplo de um vídeo no YouTube: Embora possa ter uma média de 7 Mbps, essa não é exatamente a largura de banda que ele efetivamente usa. Isto porque o buffer é feito antecipadamente, e por isso o serviço em questão irá sempre tentar tirar o máximo partido da sua ligação para cada stream.
Nada como exemplificar. Nesta imagem vemos a medição da largura de banda disponível feita através do serviço Speedtest. A nossa ligação tem um débito teórico máximo de 100 Mbps, que se fixou nos 65Mbps no teste em “vazio” – e 47 Mbps é quanto nos resta à margem do stream que estávamos a ver no YouTube, um simples episódio da Exame Informática TV a 1080p. Ou seja, os 7 Mbps em teoria acabam por se transformar em quase 20 Mbps.
Por outro lado, e tendo em conta que raramente se realiza mais do que uma tarefa intensiva em simultâneo sob o ponto de vista do tráfego de dados – exemplo: ver um vídeo no YouTube a 1080p no computador e um stream do Netflix no tablet, jogar na PS4 um Counter-Strike: Global Offensive e usar a conta Spotify Premium para ouvir música em alta definição –, a maioria das pessoas não chega a precisar sequer de metade da velocidade contratualizada.
Também sabemos que nem todos dispomos de acessos generosos. Nas ligações com fraca largura de banda, YouTube e Netflix ajustam a qualidade à velocidade disponível – e no caso de haver vários dispositivos ligados, o router tratará de equilibrar o tráfego de acordo. Isto leva-nos a uma outra reflexão: Não importa o quão rápida é a ligação já que o streaming de vídeo normalmente aproveita a maior largura de banda possível. E aqui nem sequer há buffer.
O upload (largura de banda disponível para enviar dados) é outro elemento crucial da equação. Embora seja mais normal – e necessário – fazer-se downloads do que uploads, quando precisarmos de carregar algo na Internet é que veremos o custo da limitação – seja um vídeo no YouTube, ficheiros no Google Drive ou na Dropbox ou até fazer uma chamada via Facetime e ou Skype. Alguns ISP disponibilizam uploads decentes, outros nem por isso.
As velocidades de upload estão associadas aos serviços de acesso em fibra – que é normalmente mais rápida, podendo transferir mais dados de uma só vez. A fibra traz consigo outra pequena vantagem: A menor latência (ping), que garante menos tempo para carregar aquele site ou aumentar a margem de sucesso nos jogos online graças a uma maior rapidez e fluidez. Esta é uma diferença de apenas alguns milissegundos, pelo que quase nunca se notará.
Dito isto, que tipo de ligação deve escolher? Acima de tudo, pense: Quantas pessoas em casa usam Internet? E que tipo de conteúdos habitualmente consomem? Se for algo que requeira muita largura de banda, recomenda-se qualquer coisa nunca abaixo dos 100 Mbps. Já para navegar na Web e fazer a maioria das tarefas diárias, isso não requer grandes luxos – aproveite e poupe o dinheiro da mensalidade para outros fins tão ou ainda mais importantes.
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